PAIS BIOLÓGICOS
1. Luto
2. Adopção aberta

Adopção aberta

 

Em Portugal, a lê prevê apenas a adopção fechada, na qual pais biológicos, adoptivos e a criança não têm qualquer contacto. Existem algumas vantagens, do ponto de vista da criança, na manutenção de contactos com os pais biológicos (que dependem, evidentemente, de cada caso). O facto de a legislação não prever estes contactos, dificulta a vida de todos, dado que, sem um acordo ou mediação legal, a situação pode muitas vezes ser mais difícil do que seria necessário.

Os pais adoptivos de hoje devem pensar que, com ou sem acordo, a existência de redes sociais torna o sigilo mais difícil e que é provável que ou a criança ou os seus pais biológicos iniciem um contacto que muitas vezes é doloroso ou complicado para a criança. Deste ponto de vista, é importante que todos os envolvidos pensem na criança e nas suas necessidades.

(Para saber mais, veja este vídeo da Spaulding Foundation sobre a importância de se manter o contacto com as pessoas importantes na vida da criança). 

NA ADOPÇÃO ABERTA

– Há algum nível de contacto com a família biológica ou com os cuidadores anteriores;

– O nível de contacto pode variar, desde a troca de cartas e fotos através de terceiros (geralmente uma equipa de adopção) até visitas pessoais.

(Neste vídeo da associação Amara exploram-se diferentes modelos de integração familiar)

PARA OS PAIS BIOLÓGICOS

 

  • As necessidades da criança devem ser colocadas em primeiro lugar. O reencontro com os pais biológicos dá sempre origem a sentimentos profundos e a emoções que por vezes as crianças ainda não sabem bem controlar. É mais fácil para todos se o encontro for pensado em conjunto com os pais adoptivos e o psicólogo da criança, para que esta esteja forte e o encontro corra bem;
  • É natural que tenham novamente uma sensação de perda, luto, mas talvez esta possa ser considerada uma oportunidade para recomeçar, pensando sempre no bem-estar da criança;
  • Os pais biológicos podem pedir autorização para enviar cartas à criança, de modo que esta saiba que os pais se lembram dela. Podem igualmente pedir encontros nos aniversários ou nas festas, que são ocasiões difíceis para a criança (respeitando as indicações dos pais adoptivos e a vontade da criança);
  • Os pais biológicos devem respeitar os pais adoptivos. Uma adopção aberta não é sinónimo de co-parentalidade.

PARA OS PAIS ADOPTIVOS

 

  • As necessidades da criança devem ser colocadas em primeiro lugar e os pais adoptivos devem saber que o facto de esta querer procurar ou reencontrar os seus pais biológicos não significa que não goste profundamente dos seus pais adoptivos. A quase totalidade das crianças adoptadas procura os seus pais biológicos, isso faz parte da compreensão da sua história e identidade. É importante que os pais adoptivos tenham abertura para que, quando chegar a altura, a criança se possa sentir acompanhada nesta procura;
  • É natural que a criança sinta alguma ambiguidade e por vezes lealdade dividida em relação a este conjunto de pais. Não a forcem a escolher, não se sintam postos em causa, há lugar que chegue para todos;
  • Um dos desafios dos pais adoptivos é o de saberem que uma adopção aberta não é co-parentalidade, o que significa que a parte por vezes desgastante da educação lhes continua a caber (dizer que não, impor limites, sugerir responsabilidades, etc.). Por vezes, isto pode parecer injusto, mas os pais devem lembrar-se do papel importante que têm e de como este permitirá à criança crescer segura e saudável;
  • Os pais adoptivos devem saber que as crianças muitas vezes regridem depois dos encontros com os pais biológicos, voltando a fazer birras ou recuperando comportamentos que já não tinham (tudo isso faz parte do processo);
  • Os pais adoptivos precisam de saber que é normal que se sintam zangados com os pais biológicos, principalmente quando pensam na vida difícil que a criança teve e nos desafios que enfrentou em comparação com outras crianças. Esta zanga, contudo, não ajuda os seus filhos/as. Por isso, os pais adoptivos devem pensar nas vidas (também elas difíceis) dos pais biológicos e procurar ter empatia e respeito. Devem aceitar a vossa raiva e procurar trabalhar sobre ela;
  • Os pais não devem fazer juízos sobre os pais biológicos e devem aceitar o que não podem mudar. Pensem que o vosso papel é ajudar a criança;
  • Os pais adoptivos devem respeitar a vontade da criança (apesar de a adopção aberta parecer ter benefícios para a criança, alguns adultos adoptados testemunharam que o contacto com os pais biológicos os deixava em pânico de serem postos fora de casa dos seus pais adoptivos e de terem de regressar a casa dos pais biológicos, explicando que os encontros lhes provocavam grave sofrimento). Quando é este o caso, e se a criança não deseja ver os seus pais biológicos, essa vontade tem de ser respeitada;
  • Em nenhuma ocasião se justificam encontros se os pais biológicos estiverem embriagados ou se tiverem tomado substâncias ilegais.

Neste vídeo de The Adopted Life  uma família fala sobre a sua experiência:

DICAS

Reconheça que as informações e fotografias partilhadas através de sites e de redes sociais não são privadas. Lembre-se de que tudo o que publicar poderá ser tornado público;

A relação via redes sociais expõe todos os envolvidos a informações sobre a vida quotidiana das crianças. Isso pode ser positivo, mas também pode ser esmagador ou difícil, especialmente para as crianças. Deve procurar estabelecer limites desde o início e ajudar a criar um relacionamento saudável a longo prazo;

Como em qualquer relacionamento familiar prolongado, pode haver inconvenientes e desafios. Lide com eles com sensibilidade e respeito. Ver como valoriza os seus parentes ou cuidadores anteriores ajudará o seu filho/a a sentir-se melhor consigo mesmo e mais próximo de si.

Se receber um pedido inesperado para contactar um membro da família biológica do seu filho/a, considere entrar em contacto com um profissional competente em adopção para obter aconselhamento e apoio antes de responder. Um profissional pode ajudá-lo a estabelecer limites seguros e confortáveis para este contacto (incluindo o redireccionamento do membro da família biológica para uma forma mais privada de comunicação, se desejado).

Seja especialmente cauteloso ao publicar informações sobre a adopção e a família biológica do seu filho/a na Internet. O seu filho/a deve ficar a conhecer a sua história directamente consigo, no momento certo, e não através de uma pesquisa online. Da mesma forma, o seu filho/a merece decidir quando e como se sentirá à vontade para partilhar essas informações com outras pessoas;

A investigação indica que alguns jovens adoptados entram em contacto e são contactados por membros da família biológica via Internet sem o conhecimento dos seus pais adoptivos. Quando o seu filho/a começar a usar a Internet e as redes sociais, forneça orientações sobre como pode a criança procurar ou responder a solicitações dos seus familiares. Se preferir que o seu adolescente espere para entrar em contacto com a família biológica, informe-o. No entanto, enfatize também que, se ele optar por procurar membros da família biológica, prefere saber isso e dar-lhe apoio, em vez de lhe pedir que mantenha o contacto em segredo. De qualquer forma, é importante falar sobre essas coisas antes de elas ocorrerem, para que todos estejam mais bem preparados para os problemas que possam surgir.