Férias

 

Por incrível que pareça, as férias, que são tão bem percecionadas pela maioria dos seres humanos, podem causar alguma angústia na criança. Quando nos dedicamos a pensar bem no assunto, percebemos que isto não é, em si, muito estranho. As férias trazem consigo mudanças de rotinas, a possibilidade de acontecimentos desconhecidos e horários mais relaxados.

Quando as férias são em ocasiões festivas, como o Natal, a situação pode complicar-se, pois esta é uma altura em que as crianças, por muito felizes que pareçam estar, sentem algum vazio que não conseguem bem explicar. A acrescentar a isto, quando as crianças são mais velhas o Natal traz consigo lembranças, é uma ocasião em que a família (que por vezes não é próxima) se reúne, levando as crianças a contactar com primos e familiares que não conhecem bem (e que tantas vezes fazem comentários inadequados à frente das crianças).

Como se tudo isto não fosse suficientemente complicado muitas vezes as crianças têm dificuldades sensoriais, que se acentuam em ambientes desconhecidos, quando há música alta, luzes fortes, etc. Que fazer, então, para diminuir o stress associado às férias?

  • Prevenir, prevenir, prevenir;
  • Crie uma rotina estabilizadora para a criança;
  • Antes de as férias começarem, faça com a criança um calendário do que vai acontecer;
  • Pergunte-lhe que tipo de coisas gostaria de fazer;
  • Descreva como vão ser os dias e o que podem fazer juntos;
  • Nos primeiros dias depois da escola procure manter a rotina de horários e sobretudo de refeições.
FÉRIAS DE VERÃO

→  Se tiver fotografias da casa de praia para onde vão mostre-as à criança, isso vai tranquilizá-la;

→  Se forem viajar, tenha comida à mão, leve jogos, mostre o percurso à criança e tranquilize-a;

→  Tenha sentido de humor a responder às perguntas da criança e desdramatize.

FÉRIAS DE NATAL
  • Explique a rotina dos dias de festa à criança (se for mais fácil escreva tudo no calendário);
  • Pergunte, no caso das crianças mais velhas, quais as suas tradições preferidas e procure incorporá-las nas vossas novas tradições;
  • Assegure-se, no Natal, de que existem na mesa coisas de que a criança gosta. Não faça do Natal uma oportunidade para lutas de controlo sobre comida (ler aqui);
  • Oiça a criança, conversem sobre prendas, sobre a importância do Natal e da família, e escute os seus pedidos de prendas. É importante para ela saber que os pais conseguem corresponder aos seus desejos;
  • Não use o Natal (ou o Pai Natal) para ser punitivo. Lembre-se de que precisam de criar boas memórias em família. Esse deve ser o seu objectivo: passar um bom Natal;
  • Assegure-se de que a criança não fica acordada até demasiado tarde (o que pode originar uma birra), deve protegê-la de si própria;
  • Se lhe parece que há muita gente no Natal e que a criança vai ficar aflita passe o primeiro natal em família reduzida e explique aos seus familiares e amigos, eles vão perceber;
  • Conte à criança quais os seus rituais e ajude-a a imaginar o que acontece. Se cantam canções em conjunto ensine as canções à criança, para que ela não se sinta desajustada;
  • Encontre um sítio na casa de praia ou no Natal onde a sua criança ou adolescente se possa refugiar se a interacção social for demasiado pesada;
  • Depois de algumas ocasiões sociais pense em sítios ou momentos em que a criança pode descarregar e não precise de ser perfeita (leve-a ao parque) ou fiquem em casa em família a brincar;
  • Prepare comida e tenha-a consigo para uma emergência;
  • Arranje um sinal especial entre si e a criança para que possam os dois retirar-se um bocadinho se ela começar a ficar aflita;
  • Observe-a durante a noite e reaja aos seus sinais de desconforto;
  • Seja flexível, saiba que é provável que tenha que mudar planos de modo a privilegiar o bem-estar da criança e que não faz mal. Correrá tudo bem melhor;
  • Fale com familiares e amigos e explique-lhes a situação, ajude-os a saber como ajudar.