Fases na integração

 

Encontros de pré-integração

Quando é possível, devem ter lugar uma ou mais encontros entre a criança, a equipa de acolhimento e a família de acolhimento antes da integração. Esses encontros geralmente podem ter lugar num parque, no escritório da equipa ou em casa da família de acolhimento. O número de encontros de pré-integração depende da situação da criança e do modo como esta se vai habituando à ideia de uma família de acolhimento e à separação da família biológica. Este é o momento para a família de acolhimento e a criança se familiarizarem uma com a outra e fazerem perguntas.

 

Dia da integração

Se não houve uma visita a casa antes da integração, precisará de a mostrar à criança, levando-a ao seu quarto e mostrando onde pode colocar as suas coisas. Se tem uma rotina, partilhe-a com a criança de uma forma simples. Deixe a criança conhecer as regras da família, para que ela possa saber o que se espera dela.

Converse com a criança sobre apresentações a novas pessoas. Explique à criança, dependendo da sua idade, que o motivo da integração é um assunto particular. Ninguém precisa de saber, a menos que a criança queira contar. Ajude a criança a encontrar uma maneira verdadeira e apropriada de responder às perguntas que são frequentemente feitas às crianças em acolhimento. Por exemplo, a criança pode dizer “Vim ficar com esta família durante algum tempo”.

Não deite fora os brinquedos ou as roupas que a criança trouxe, mesmo que estejam em péssimas condições. Esses objectos são familiares e podem ajudar a criança a sentir-se mais confortável na nova situação. Também é importante que a família biológica veja os seus filhos com os brinquedos e as roupas que enviaram.

As primeiras semanas de uma integração são um período de habituação para todos. A coisa mais importante que pode oferecer durante esse período é uma vida familiar estável e consistente. Os ajustes no estilo de vida e nas expectativas exigirão repetição, explicação e paciência.

De seguida, deixamos algumas das perguntas mais comuns feitas por crianças em acolhimento:

  • Por que não me queriam os meus pais?
  • A culpa é minha?
  • Quando volto para casa?
  • Ainda posso ver os meus pais? Quando? Posso ligar-lhes? Quando? Com que frequência?
  • Posso ver os meus irmãos ou irmãs? Quando? Posso ligar-lhes? Quando? Com que frequência?
  • Posso ver os meus avós? Quando? Posso ligar-lhes? Quando? Com que frequência?
  • Posso ver os meus amigos? Quando?
  • Posso abrir o frigorífico ou tirar comida sem pedir autorização?
  • Onde está a minha roupa e as outras coisas que trouxe? Posso ir buscá-las quando quiser?
  • Se gostar de estar aqui, sou “um traidor” da minha própria família?
  • Como me vão apresentar quando conhecermos novas pessoas?
  • Ficam aborrecidos se eu estiver feliz quando for visitar a minha casa?
  • Há castigos?
  • Não sei se gosto de todas as pessoas e regras da família. Posso dizer-lhes de que não gosto
  • Como vou lidar com os novos alunos na escola?
  • Posso sentir-me feliz ou triste depois de um encontro com a minha família?
  • Que acham da minha mãe e do meu pai?
  • Posso fazer amigos, entrar numa equipa na escola e fazer coisas enquanto estou aqui?
  • É possível que eu nunca volte para casa?

Durante o primeiro mês:

  • Na família de acolhimento posso fazer as minhas coisas preferidas? Jogar futebol, tocar música, etc.?
  • Vou precisar de começar tudo numa nova escola?
  • Se me portar mal, sou expulso desta casa?
  • Tenho o direito de conversar com o juiz?
  • Se eu não me der bem com a família de acolhimento, a quem devo dizer?
  • Posso ver algumas das coisas que escreveram sobre mim?

Muitas vezes, uma criança pode parecer bem-comportada nos primeiros tempos e depois, sem motivo aparente, começa a ter novos comportamentos desafiantes. Isso pode significar que a criança está a começar a sentir-se em casa e à vontade na nova situação, pelo que não precisa de se portar sempre bem. Pode parecer o contrário, mas é bom sinal.

Formas de tratamento e apelidos

Uma criança em acolhimento deve manter o seu apelido e identidade legal e não deve usar o apelido da família, pois o acolhimento é temporário, e o uso do apelido de uma família de acolhimento por uma criança implica uma situação mais permanente. Se a criança quiser usar o seu apelido, discuta isso com a equipa de acolhimento.

Uma criança em acolhimento pode não ter certeza do que lhe chamar quando chega a casa. Cabe-lhe a si, em família, decidir e dar algumas opções à criança. Por exemplo: esta pode chamá-los pelo primeiro nome; por tia ou tio; etc. Algumas crianças em acolhimento podem pedir autorização para a chamar de “mãe” e “pai”, mas lembre-se de que isso pode ser complicado para a família biológica.

Seja o que for que decida, é importante dar algumas opções à criança e permitir que ela se sinta confortável. É importante respeitar o nível de conforto da criança ao seleccionar os nomes para os vários membros da família.