Irmãos

 

«A pesquisa indica claramente que, para as crianças que sofreram sérias dificuldades nas suas vidas – o que descreve praticamente todas as crianças afectadas pela adopção e pelo acolhimento –, os relacionamentos entre irmãos podem ser protectores, promover a resiliência e oferecer uma série de outros benefícios quantificáveis e intangíveis».

Fonte: Adam Pertman, Siblings in Adoption. NY: Praegar, 2008. 

 

Fala-se muitas vezes da importância dos pais biológicos, mas é importante não esquecer que a relação entre irmãos foi muitas vezes protectora para as crianças e que estes se encontram profundamente vinculados.

Não só os irmãos se acompanharam durante o crescimento e as situações difíceis pelas quais passaram em família, como são com frequência uma presença que traz segurança e que demonstra a capacidade de cada criança para estabelecer um vínculo. Assim, a não ser nos casos em que se sabe que a presença de um irmão é por algum motivo prejudicial (porque também o irmão ou irmã é abusivo ou violento), deve-se procurar manter os irmãos juntos.

 

«Para a maioria das pessoas, os relacionamentos que mantemos com os nossos irmãos são os mais longos das nossas vidas, duram mais do que os relacionamentos que temos com os nossos pais e mais do que a maioria dos casamentos. Essas relações são complexas nas famílias tradicionais intactas, e mais ainda em crianças cujas vidas podem ter contemplado múltiplos arranjos familiares e interrupções».

 

A pesquisa indica que a presença de irmãos na adopção se associa a menos solidão, menos problemas de comportamento e uma melhor auto-estima. Estudos indicam ainda que, quando as crianças sentem dificuldades, recorrem aos irmãos antes de recorrerem aos pais adoptivos, que os irmãos poderão mais tarde ajudar a responder a questões sobre a família, lembrando-se dos motivos pelos quais foram retirados de casa dos seus pais biológicos e podendo ser aliados valiosos para os pais adoptivos.

QUANDO OS IRMÃOS SÃO SEPARADOS:

Têm o direito de manter a ligação familiar. Os pais devem perceber que as decisões que tomam no momento não são só importantes para o que sucede naquele ano, devem antes ser pensadas como estratégias a longo prazo, que permitam fortalecer laços positivos entre irmãos.

DEVE-SE:

  • Marcar visitas com periodicidade;
  • Tentar que os irmãos sejam colocados na mesma cidade;
  • Cabe aos pais perceber se é exequível que estes andem na mesma escola ou que vão a actividades extracurriculares juntos (mesmo quando foram adoptados por famílias diferentes).

 

COISAS A SABER:

– Quando os irmãos são separados e se reencontram, isso traz à luz experiências passadas que nem sempre são positivas. Saiba disto, prepare-se para uma despedida difícil ao fim do dia, e para umas horas complicadas na chegada a casa e por vezes nos dias seguintes. Pense, contudo, a longo prazo, e verá que com o tempo as visitas aos irmãos se tornam naturais.

– Aprenda e informe-se sobre o caso das crianças parentalizadas;

– Os encontros entre irmãos são mais fáceis a partir do momento em que se instala uma rotina. Procure manter a regularidade nos encontros, mesmo que estes sejam difíceis;

– Quando um dos irmãos mantém contacto com os pais biológicos, isto pode ser conversado entre todos.

QUANDO SE ADOPTA DOIS OU MAIS IRMÃOS

Os pais que adoptam irmãos têm trabalho a dobrar, no sentido em que precisam de responder a duas ou mais crianças e de tentar oferecer-lhes o mesmo grau de atenção. Os primeiros meses vão ser complicados, mas existem pequenas coisas que os pais podem aprender. Por exemplo:

Os pais devem ter momentos a sós com cada irmão durante a semana. Para que isto seja possível, será necessário gerir expectativas e ciúmes, mas sem tempo a sós com cada criança é difícil que a vinculação tenha lugar;

Ter duas ou mais crianças de repente traz uma enorme carga de trabalho adicional, por isso, toda a ajuda (parentes que deixam comida em casa, alguém para ajudar nas tarefas domésticas, etc.) que permite aos pais terem mais tempo para as crianças é valiosa;

Procure a ajuda de um psicólogo e socorra-se das equipas de adopção ou procure um grupo de pais com quem possa conversar;

Saiba que os irmãos não vão ter a mesma reacção perante o facto de terem sido adoptados;

É natural que os pais possam sentir-se mais próximos de um dos irmãos do que do outro (tal como as crianças se podem sentir mais próximas de um pai que do outro), mas saibam que o tempo ajuda a conhecer melhor cada criança e a criar uma relação saudável com os dois irmãos;

Em geral, pode parecer mais fácil conversar ou alcançar uma das crianças, mas é importante que seja dada igual atenção aos dois irmãos/ãs;

Por vezes, é preciso ter atenção ao facto de os irmãos agirem em conjunto e se unirem contra algumas decisões dos pais, procurando desafiá-los. Nestes casos, é preciso ter paciência e explicar às crianças que os pais estão lá para as ajudar (e para estabelecer limites);

Façam regras em conjunto e divida tarefas entre todos;

Ponha a relação dos adultos (ou a si) em primeiro lugar, os pais precisam de ter uma relação forte e de se sentirem bem para conseguirem enfrentar os desafios da adopção e serem uma família feliz;

Os pais NUNCA devem usar um irmão contra o outro e NUNCA devem privilegiar a relação que têm com uma das crianças em detrimento da outra. Quando se adoptam dois filhos/as, é natural que um seja por vezes mais difícil. Cabe aos pais (e não às crianças) resolver a situação;

Como explicou uma mãe que adoptou quatro filhos: «Treine a sua paciência e procure avaliar os progressos das crianças desde que elas chegaram. Pode ser fácil para os pais adquirirem o hábito de gerir os filhos/as e procurar corrigir todos os seus comportamentos ao mesmo tempo. Isso vai revelar-se cansativo e frustrar as crianças que precisam da sua confiança e compreensão. Concentre-se num ou em dois comportamentos de cada vez e vá ensinando às crianças aquilo que espera delas ao longo do tempo. As crianças mais velhas também estão a desenvolver capacidades para a vida, por isso, deixe-as fazer mais coisas à sua maneira, em vez de as forçar a seguir aquilo que considera ser melhor (ou seja, cozinhar, organizar, tarefas, fazer trabalhos escolares, brincar, etc.). Talvez elas cometam erros, mas é melhor que o façam agora do que quando são forem mais velhas, e talvez o caminho delas seja realmente muito bom!»

QUANDO SE GANHA UM IRMÃO /IRMÃ ATRAVÉS DA ADOPÇÃO

Algumas famílias já têm filhos biológicos ou adoptivos quando decidem fazer a família crescer, o que tem necessariamente impacto na vida da criança. A adaptação da criança adoptiva à sua nova família traz necessariamente desafios com os pais precisam de lidar, o que por vezes leva a criança que já estava integrada na família a sentir-se invisível ou a ver-se na posição de mediar os conflitos entre os pais e o seu novo/a irmão ou irmã. Os pais devem estar conscientes destas dificuldades e ir conversando com a criança mais velha.

FICHAS DE APOIO

Adoptive Siblings: The Invisible Family Members, Adoption Advocate, National Council for Adoption.

Top Ten Tips for Blending Children by Birth and Adoption, Jockey Being Family.

Preparing Your Biological Kids for the Adoption of a Sibling, Jockey Being Family.