Adolescentes

 

SE ADOPTOU OU PENSA ADOPTAR UM ADOLESCENTE COMECE POR VER ESTE VÍDEO:

Adoptar um adolescente não é necessariamente mais difícil do que acolher uma criança mais pequena. Tudo dependerá da instituição ou da casa de acolhimento onde esteve, do modo como foi retirado/a à família e, claro, da sua personalidade.

Os pais que adoptam adolescentes têm a sorte de ganhar filhos que já poderão ser seus companheiros e com quem podem conversar abertamente sobre os mais variados assuntos. A relação que os pais estabelecem com os seus filhos adolescentes, com quem, se tiverem abertura para isso, poderão aprender muito do que estes têm para lhes ensinar, é necessariamente diferente da que tem lugar com uma criança mais nova.

É importante que os pais saibam que estes jovens resilientes estão habituados a tomar conta de si, que são autónomos, independentes e que, na maior parte dos casos, reagem mal quando são controlados. Talvez o mais importante que os pais podem fazer nos primeiros meses ou anos é procurar ouvi-los e tentar ganhar a sua confiança. É talvez melhor que os pais negoceiem as regras em vez de as pré-determinarem e que responsabilizem os seus filhos quando as coisas correm menos bem, sem serem punitivos ou castigadores. As consequências devem ser apropriadas (e ajuda se os pais não as derem logo, mas pararem para pensar e procurarem adequar a consequência ao que aconteceria na vida real). Afinal, a tarefa mais importante dos pais de adolescentes é a de prepararem os seus filhos para a vida de adultos.

IMPORTANTE SABER:

O dr Dr. Ken Ginsburg (Children’s Hospital of Philadelphia) explica como, quando a criança não teve a experiência de aprender a co-regular o stress com os seus pais, não desenvolveu uma resposta de oxitocina saudável. Quando os adultos com quem a criança vivia não souberam dar resposta às suas necessidades de forma adequada o seu cérebro aprende que a resposta de sobrevivência é o melhor modo de resolver problemas.

Os pais adoptivos querem ser a pessoa segura para o adolescente que acolheram, mas esta  desenvolveu caminhos neurológicos que não possibilitam isso. Os pais começam a sentir-se incapazes de ajudar, entrando também eles em stress (sentindo que não são bons o suficiente, etc.), e acabam por reforçar as estratégias negativas destas crianças em vez de as ajudarem. 

A imposição de regras e expectativas sem que exista uma relação forte entre pais e filhos não vai funcionar. Assim, em vez de tentarem decidir pelo jovem (iniciando lutas intermináveis) podem dar-lhe o controlo das suas decisões, enquanto trabalham para criar uma relação forte e segura com ele. Aprenda mais aqui: Parenting Tweens and Teens (site Creating a Family).  E veja os vídeos da Spaulding Foundation.

SUGESTÕES:

– Procure pensar que o maior trabalho que tem pela frente é o de conquistar e ganhar a confiança do seu filho (e pense nos anos em que este sobreviveu sozinho);

– Evite aborrecer-se quando sabe que está a ser testado (brinque com o assunto, use o sentido de humor);

– Não seja punitivo;

– Não dê consequências no momento, páre para pensar;

– Saiba que existem fortes probabilidades de a idade emocional do seu adolescente não corresponder à sua idade cronológica, e aja em conformidade com a idade emocional do jovem. Ler mais.

– Procure nos primeiros meses ou ano fazer uma lista dos gatilhos do seu filho/a, de forma a conseguir antecipar as suas mudanças de humor e ajudá-lo/a a conseguir comunicar melhor consigo;

– Saiba que o processo de vinculação pode levar anos e esteja preparado para aceitar que nalguns casos este pode não ter lugar e que o adolescente o poderá considerar um cuidador, mas não um pai;

– Estabeleça rotinas previsíveis (tal como deve fazer com uma criança mais pequena) e crie oportunidades para a existência de momentos felizes em família;

– Saiba que depois de anos a viver numa ou em várias instituições é normal que o seu adolescente tenha adquirido comportamentos de sobrevivência, como mentir, roubar, agir de modo descontrolado para ter atenção, etc.;

– Procure ao longo do tempo (anos e não meses) ajudar o seu adolescente a substituir esses comportamentos por outros mais saudáveis. Não tente mudar tudo ao mesmo tempo, escolha o que lhe parece mais importante e tente trabalhar com o adolescente no sentido de perceber, por exemplo, porque sente necessidade de mentir e como poderia agir de outro modo;

– Aceite que o seu filho/a chega a sua casa com uma personalidade e gostos próprios. Não cabe aos pais mudar o adolescente, mas sim aceitá-lo e ajudá-lo a desenvolver as suas capacidades;

– Saiba que os adolescentes, tal como as crianças mais novas, têm uma capacidade de recuperação extraordinária, e que não existem motivos para não formarem uma família feliz.

Adoptar um adolescente muda a perspectiva de vida dos pais, ensina-lhes coisas, e pode ajudar a transformar (para melhor) a sua vida. Conheça outras histórias vendo estes pequenos filmes que os ajudarão a perceber melhor que aprendem os pais quando adoptam um adolescente: What adopting a teen taught me.

SE ADOPTOU UMA CRIANÇA QUE É AGORA ADOLESCENTE

Procure perceber melhor o conjunto de transformações que têm lugar no cérebro adolescente. Isso ajudá-lo-á a conseguir contextualizar melhor as reacções e comportamentos dos seus filhos.

Ser pai ou mãe de um adolescente exige algumas mudanças no estilo de parentalidade. Os adolescentes em geral reagem mal à ideia de que os seus pais os controlam, sendo esta característica talvez mais evidente num jovem que foi adoptado. Cabe aos pais adaptar o seu estilo de parentalidade aos seus filhos.

Katie Naftzger, no livro Parenting in the Eye of the Storm: The Adoptive Parent’s Guide to Navigating the Teen Years, defende que os pais adoptivos de adolescentes devem:

  • Em vez de tentar salvar o seu adolescente, procure dar-lhe poder para tomar decisões e viver com as consequências destas, irá assim ajudá-lo a sentir-se uma pessoa mais confiante que, em vez de se ver como vítima, sabe que é corajosa, resiliente e autónoma;
  • Imponha limites razoáveis (de que os adolescentes precisam), mas não seja controlador ou autoritário. Se as coisas não correm como previsto, procure ouvir as explicações do seu filho/a antes de saltar para conclusões;
  • As regras devem ser decididas em família, devem ser claras e precisas;
  • Evitar a tentação entre salvá-los e aquilo a que os ingleses chamam «pais helicóptero» (aqueles que se sobrepõem aos seus filhos, procurando ajudá-los, mesmo quando estes não necessitam de auxílio). Os adolescentes precisam de saber que têm os pais ao seu lado para quando precisarem, mas que conseguem tomar boas decisões sozinhos;
  • As consequências devem ser imediatas e não punitivas. Tal como sucede com outras crianças adoptadas (e não só), pode ser que os adolescentes tenham comportamentos de risco. Os pais devem reagir com segurança, mostrando as consequências das suas decisões.
FICHA DE APOIO

Ser pai ou mãe do adolescente que foi adoptado, Child Welfare Information Gateway.

LIVROS EM INGLÊS

Foster Cline, Jim Fey, Parenting Teens with Love and Logic. S.l. NavPress, 2006.

Daniel Siegel, Brainstorm: The Power and Purpose of the Teenage Brain.

Jayne Schooler, Wounded Children, Healing Homes.

Kittle, Kris & Reed, Kelly. Wisdom from Adoptive Families: Joys and Challenges in Older Child Adoption. Jacksonville, Marcinson Press, 2017.
OUTROS RECURSOS

Comunicar com o meu adolescente, Escola Saudavelmente.

RECURSOS NOUTRAS LÍNGUAS

Improving Long-Term Outcomes in Adolescent Adoption, Adoption Advocate, National Council for Adoption.

Talking with Older Youth about Adoption, Child Welfare Information Gateway.

Belonging matters—Helping youth explore permanency, Child Welfare Information Gateway.

Beneath the Mask Adoption through the Eyes of Adolescents, Adoption Advocate, National Council for Adoption.

Center for Parent and Teen Communication

Adopción y adolescencia. La escuela secundaria II (12 a 16 años): Una etapa complicada. Site Biblioteca online sobre temas de adopción.