Bebés

 

Em tempos idos, assumia-se que um bebé adoptado à nascença não teria lembranças marcantes ou experienciado o trauma resultante da separação. Hoje em dia, sabe-se que não é bem assim. O livro de Nancy Verrier, The Primal Wound, contribuiu para uma mudança de mentalidade ou para um melhor entendimento das dificuldades e da perda inerente à adopção.

Sabe-se actualmente que o impacto da separação do bebé da mãe biológica é maior do que aquilo que se supunha, provocando alterações no modo como chora e nos seus circuitos neurológicos. Com um cuidador consistente, se receber tempo de colo e mimo, o bebé conseguirá vincular-se lentamente aos seus novos pais, mas manterá uma lembrança da separação que não conseguirá bem explicar.

Quando um bebé chega a casa dos seus pais adoptivos, estes têm de se adaptar, como sucede com quaisquer novos pais. A diferença encontra-se no facto de que o seu bebé (porque não ouviu as suas vozes ou esteve dentro da sua barriga) não os reconhece enquanto cuidadores, o que pode trazer desafios adicionais.

Se adoptou um bebé, é importante que saiba que é normal que este chore mais do que outras crianças da mesma idade, e que há pequenas coisas que pode fazer que ajudam:

  • Seja paciente: saiba que o seu bebé ou criança pequena vai precisar de tempo para se adaptar a uma casa nova, cheiros novos, vozes que desconhece, etc. Não se preocupe se ele tiver dificuldades a dormir ou se não comer muito. Dê-lhe tempo para se ajustar;
  • Chame reforços se precisar, peça ajuda com a alimentação, com as tarefas domésticas, ou se precisar de dormir;
  • Não faça uma grande festa e não tenha muitas pessoas em casa, saiba que o bebé precisa de tempo para se adaptar (ler as secções Casulo e Exposição a álcool e droga na gravidez).
CUIDADOS

Siga uma rotina, o bebé precisa de saber o que esperar, de ter horários para comer, brincar, dormir, tomar banho, etc.;

Pegue no bebé ao colo, leia-lhe livros com uma voz calma;

Quando saem à rua, leve o bebé de modo que este a veja;

Use o método de contacto pele a pele. A interacção física é valiosa para ajudar a criar a vinculação. O canguru, também conhecido como terapia pele a pele, é frequentemente usado para promover a ligação quando os bebés estão numa unidade neonatal de cuidados intensivos. Os mesmos princípios podem ser aplicados quando leva o seu filho/a adoptivo para casa. Tente «vestir» o seu bebé no marsúpio (ou sling) para maximizar o contacto pele a pele e permitir que ele explore o seu rosto e para maximizar o tempo de aconchego depois do banho, obtendo assim mais contacto;

Crie rituais: massajar o bebé com loção aquecida pode ser um ritual perfeito antes de este ir dormir à noite, acalmando-o e fortalecendo o vínculo. Embalar e cantar para o bebé é outra maneira de criar proximidade física e de partilhar uma recordação, já que frequentemente associamos músicas a memórias. Ao estabelecer esses rituais e rotinas com o bebé, cria memórias positivas que ajudam a criar uma vinculação mais forte;

Limite o número de visitantes. Provavelmente tem amigos, vizinhos e familiares que estão ansiosos para conhecer o bebé, mas é uma boa ideia esperar antes de os convidar ou de fazer uma festa de boas-vindas. O tempo varia de criança para criança, por isso, deixe que os seus sentimentos em relação ao bebé ditem o momento de receber visitas. Se a intenção da família é a de ajudar, peça que ajudem a lavar a louça e a roupa, ou a fazer o jantar enquanto trabalha para sedimentar a relação com o bebé;

O tempo de colo é fundamental para criar uma ligação;

Considere co-dormir. A Academia Americana de Pediatria desaconselha dormir com o bebé na cama, mas pode usar um berço co-sleeping para dormir com o seu filho/a no quarto. Isto pode ajudá-lo a sintonizar-se com os desejos e necessidades do bebé adoptado, oferecendo-lhe um rápido conforto e garantia de que está lá para ele, e ajudando a reforçar os instintos parentais;

Crie ocasiões para que o bebé possa observar o seu rosto. O seu bebé está naturalmente interessado em rostos humanos, por isso, verifique que ele tem tempo de sobra para olhar os pais nos olhos. Sente-se numa cadeira confortável, com os joelhos dobrados e apoie o bebé contra as coxas, para que possam passar tempo frente a frente. Estimule o bebé fazendo caretas, sorrindo e falando com uma voz suave, para que se habitue a si, ao seu som e ao seu cheiro;

Tome conta de si. Um estudo publicado no Journal of Affective Disorders em 2009 descobriu que cerca de 15% das mães sofreu depressão nas primeiras seis semanas após a adopção de um bebé, o que por vezes resulta em sentimentos negativos que atrasam a vinculação adequada. Se for este o caso, procure ajuda;

Se o bebé foi exposto a álcool ou a drogas, pode ser-lhe difícil ser reconfortado. Neste caso, evite estímulos vindos do exterior (procure criar um ambiente calmo, com luzes semi-apagadas ou com as persianas fechadas); procure ter contacto de pele com o bebé, dê-lhe uma chupeta; saiba que o bebé precisa de ficar quente, procure embalá-lo.

Seja paciente com o bebé e consigo, estão os dois a adaptar-se e é normal que nem sempre seja tudo perfeito;

A vida é melhor com expectativas mais baixas, pode levar tempo até se vincularem;

Encontre outros pais adoptivos que adoptaram bebés, e informe-se.

RECURSOS EM INGLÊS

Basic Tips for Feeding Your Newly Adopted Baby, site Creating a Family.

Basic Baby Care for Newly Adopted Babies, site Creating a Family.

FICHA DE APOIO EM INGLÊS

Bonding With Your Baby, Child Welfare Information Gateway.

VER

Babies, documentário no Netflix, onde se fala sobre o impacto do primeiro ano na vida das crianças.