PAIS ADOPTIVOS
1. Mães e Pais
2. Medos
3. Como falar dos pais biológicos/adoptivos
4. Máscara de oxigénio
5. Depressão pós-adopção
6. Conversar sobre adopção (por idades)
7. Disrupções ou interrupções
Falar sobre adopção (por idades)
«A Compreensão que as Crianças têm da Adopção», traduzido com autorização de Adoption Basics for Educators.
PRÉ-ESCOLAR
As crianças em idade pré-escolar ainda não compreendem completamente a ideia de reprodução e o conceito de «nascer». Embora provavelmente tenham conversado sobre adopção com os seus pais e possam ter sido informadas de que foram adoptadas, geralmente não conseguem perceber a diferença entre terem sido adoptadas e nascerem numa família. Devido a esta falta de compreensão, as crianças adoptadas mais pequenas raramente apresentam problemas de integração relacionados com a adopção em idade pré-escolar. As crianças que eram um pouco mais velhas quando deixaram a sua primeira casa podem lembrar-se dos seus pais biológicos e, dependendo das circunstâncias que envolvem a sua mudança da casa destes para a casa dos pais adoptivos, podem apresentar problemas de integração relacionados com esta mudança.
PRIMEIRO CICLO
Geralmente, aos seis ou sete anos de idade as crianças começam a ter alguma compreensão sobre o que é a reprodução e podem compreender que cresceram dentro da mãe que deu à luz e que agora moram com outros pais. Nessa idade, e ao longo dos primeiros anos do ensino básico, as crianças adoptadas começam a ter um entendimento mais amplo da adopção e das questões de perda e abandono que a acompanham. Podem começar a pensar e a fantasiar sobre os seus pais biológicos. Perguntam porque foram dadas para adopção. Estes pensamentos e dúvidas requerem energia mental, podem dificultar a concentração de algumas crianças na escola e podem levar a mudanças de comportamento. Embora cada criança adoptada reaja de maneira diferente, não é incomum que ela passe por um processo de luto, que pode incluir estágios de negação, raiva e tristeza. Esse processo de luto pode repetir-se nos vários estágios de desenvolvimento da criança.
SEGUNDO CICLO
As crianças nos anos mais avançados do ensino básico podem pensar ainda mais sobre o que significa ser adoptado. A auto-estima é importante nessa idade, e as crianças adoptadas devem incorporar a ideia de que foram adoptadas na sua auto-imagem. Qualquer problema, incluindo a adopção, que as torne «diferentes» dos seus pares pode ser uma fonte de ansiedade. Podem ter medo de que os seus pares pensem pior delas porque são adoptadas. Continuam a perguntar-se sobre os motivos pelos quais os pais biológicos as deram para adopção e se os pais adoptivos as amam ou não como se fossem um filho/a biológico.
ADOLESCÊNCIA
No momento em que a maioria das crianças entra na adolescência, têm a capacidade de pensar de forma abstracta, o que lhes permite compreender problemas legais e os motivos pelos quais os pais biológicos colocam ou foram compelidos a dar os filhos/as para adopção. À medida que os adolescentes fazem a transição da infância para a vida adulta, começam a procurar a sua própria identidade e a iniciar o processo de separação dos seus pais. Para as crianças adoptadas, encontrar a sua própria identidade pode ser mais difícil por causa da sua história, dado que já foram separadas das famílias de nascimento e vivem com outras pessoas. O adolescente pode reflectir sobre o que a sua vida poderia ter sido. Alguns adolescentes acham que a adopção é a causa de todos os seus problemas. Para outros, a adopção pode não ser uma questão importante.
Qualquer que seja a idade da criança, os educadores precisam de ser sensíveis ao facto de que a adopção pode suscitar pensamentos, preocupações e perguntas na mente de uma criança, que podem afectar o seu comportamento e desempenho académico.
AJUDE O SEU FILHO/A A LIDAR COM A DOR E A PERDA
Traduzido com autorização de Parenting your Adopted School-Age Child
«Todas as adopções envolvem perda. Pode ser necessário ajudar o seu filho/a a lidar com o sofrimento relacionado com a adopção. Aqui estão algumas maneiras de promover a comunicação sobre perda com o seu filho/a e a reconhecer os seus sentimentos:
- Resolva o problema com antecedência. Não espere que o seu filho/a fale sobre o assunto da adopção, comece a sentir falta de parentes ou exprima tristeza pela sua história familiar. Mesmo que o seu filho/a nunca mencione os seus pais biológicos, a maioria das crianças adoptadas dos 6 aos 12 anos de idade tem pensamentos frequentes sobre eles. Se for aberto e prático ao falar sobre o assunto, ajudará o seu filho/a a sentir-se mais confortável.
- Pode ajudar o seu filho/a sendo solidário («Pareces triste. Gostaria de saber se estás a pensar no teu nascimento (ou na outra) família.») Os esforços para diminuir a dor, por outro lado, podem fazer as crianças questionarem o valor dos seus sentimentos e reduzir a confiança nas suas capacidades de lidar com estes temas.
- Aborde medos e fantasias relacionados com a adopção. As crianças que sofreram a perda de pelo menos uma família ou casa podem ter medo de perder outra. O medo pode assumir a forma de dificuldades para dormir ou comer, pesadelos, dificuldades de separação, nervosismo e até alergias e doenças aumentadas. Para diminuir os medos:
– Assegure o seu filho/a de que pretende ser a mãe/o pai dele para sempre. Demonstre isso por meio de palavras e acções. Algumas crianças podem testar os seus pais adoptivos com mau comportamento.
– Envolva a criança no planeamento de futuros acontecimentos familiares (por exemplo, «No próximo Natal, gostarias de …?»).
- Reconheça os sentimentos do seu filho/a. Diga ao seu filho/a que é natural que os filhos/as adoptivos pensem nas suas famílias de origem e sintam tristeza pela perda de familiares ou histórias familiares desconhecidas.
- Resista à vontade de animar uma criança em luto. Não pode remover a perda da adopção. Assim como as crianças precisam da hipótese de aprender e desenvolver-se à sua maneira, também precisam de lidar com o sofrimento e a sensação de perda.
- Ajude o seu filho/a a expressar tristeza da maneira que melhor se encaixa no seu estágio de desenvolvimento emocional. Uma criança em idade escolar pode precisar tanto de chorar e de ser confortada como uma criança mais pequena.
- Esteja preparado para o sofrimento disfarçado de raiva. Embora seja difícil para os pais, a raiva é uma maneira de os filhos/as desabafarem a perda e a tristeza. Com o tempo, a criança é capaz de deixar ir essas emoções perturbadoras.
- Compre um álbum de fotos com espaços designados para fotos e recordações da escola, até ao ensino secundário.
- Vá-se embora e volte. Embora seja extremamente difícil sair quando uma criança tem ansiedade de separação, é somente através da prática que ela aprende que regressará.
Todas as crianças fantasiam sobre uma vida familiar alternativa – uma mãe «real» que nunca repreende, um pai que é uma pessoa famosa. Às vezes, as crianças adoptadas em idade escolar recorrem à fantasia para tentar desfazer as suas perdas. Podem imaginar o pai biológico a regressar para si ou a agência de adopção a telefonar para relatar que colocaram o filho/a errado por engano. Para abordar estas fantasias:
→ Incentive o seu filho/a a falar sobre fantasias e a expressar os seus sentimentos sobre a adopção.
→ Assegure o seu filho/a de que é normal que os filhos/as adoptivos imaginem o que suas vidas podiam ter sido se não tivessem sido adoptados. Saliente que todos, adoptados ou não, fazem isso ocasionalmente. («Gostaria de saber o que teria acontecido se eu tivesse … [estudado numa faculdade diferente, aceitado outro emprego, nascido noutra família].»)
FALAR SOBRE A ADOPÇÃO
Os pais que se sentem bem com a adopção sentem-se à vontade para falar sobre isso e podem reconhecer abertamente os sentimentos dos seus filhos/as, sendo mais capazes de os ajudar a fazer o mesmo. Os pais que ficam tensos quando o assunto é abordado ou que o mantêm em segredo podem enviar a mensagem de que algo está errado com a adopção. Esta secção apresenta dicas para comunicar sobre a adopção e para reconhecer a história do seu filho/a de maneira positiva.
ESCOLHA AS SUAS PALAVRAS COM CUIDADO:
Converse aberta e honestamente com o seu filho/a em idade escolar sobre a adopção. No entanto, esteja ciente das palavras que usar.
Considere as seguintes opções de palavras:
– «Tens muita sorte em ser adoptado.» Não se deve esperar que as crianças adoptadas sejam gratas por terem uma família ou por tomarem conta delas. Isso pode levar a um problema de auto-estima (ou seja, porque merecem famílias as outras crianças, mas eu tenho que ser grato por ter uma?)
– «Optamos por adoptá-lo – tu és especial.» Mais tarde, os adoptados podem perceber a perda implícita por serem «escolhidos» (eles primeiro tiveram que ser «não escolhidos»).
Não adultere a experiência de adopção. Fazer isso nega às crianças o apoio de que precisam, pois terão de sofrer as suas perdas. Por exemplo, falar apenas sobre o quão maravilhoso foi para o seu filho/a ser adoptado ignora o facto de que ganhar a sua família também significa perder a experiência de ser criado com a família biológica. Para curar, é necessário que a criança sofra primeiro e fique com raiva.
Treine falar sobre adopção num grupo de apoio aos pais adoptivos ou com outras pessoas na sua rede de apoio e deixe que eles lhe dêem feedback. Ao comunicar com o seu filho/a:
Pense em como as suas palavras podem ser compreendidas pelo seu filho/a. Muitos pais adoptivos tentam desenvolver a auto-estima dos seus filhos/as dizendo coisas que podem parecer positivas, mas que podem ser mal interpretadas.
FICHA DE APOIO
O Impacto da Adopção, Child Welfare Information Gateway.
FICHAS DE APOIO (DISPONÍVEIS EM PORTUGUÊS EM BREVE)
Talking to Adopted Children About Birth Parents and Families of Origin: How to Answer the “Hard Questions”, Adoption Advocate, National Council for Adoption.
Positive Adoption Language, Adoptive Families.
What does your child call her birth mother?, Site Creating a Family.
How to tell your child they are adopted, Family Lives.
Supporting your LGBTQ youth: A guide for foster parents. Child Welfare Information Gateway.
Talking with Older Youth about Adoption. Child Welfare Information Gateway.
Belonging Matters—Helping Youth Explore Permanency. Child Welfare Information Gateway.